LAÇOS DE COMUNICAÇÃO
“Não Há Comunicação Sem Envolvimento. […]” (Antoine de Saint-Exupery, 1900-1944)
ORGANIZAÇÃO FORMAL DO EX-MUSEU DOS CTT
No ofício de 18 de setembro o Diretor dos Serviços Administrativos dos Correios Telégrafos e Telefones dirigiu-se ao Ministro das Obras Públicas e Comunicações nos seguintes termos:
“Para ocupar o lugar de Conservador Chefe do Museu dos CTT criado [ficaria melhor usar o termo (re)criado ou (re)inaugurado] por sua Ex.ª o Ministro de 14 do mês de Julho p. p., tenho a honra de indicar a Vª Exª o nome do Sr. Dr. Mário Gonçalves Viana”. O ofício prossegue referindo o vasto curriculum vitae do Dr. Mário Viana, assim concluindo: “Parece-me, pois, que ele [Mário Gonçalves Viana] estará em ótimas condições para ocupar o cargo de Conservador-Chefe do nosso Museu e dar-lhe forma e organização que o tornem, em breve, uma desvanecedora realidade” (1).
Em 1947 é (re) inaugurado o Museu, com a designação de Museu dos CTT, como se nunca tivesse existido, pois não lhe fazem referência à fase anterior.
Em 11 de novembro, por altura da reinauguração foi admitido Mário Gonçalves Viana como conservador-chefe, primeiro conservador que o museu conheceu, contribuindo assim para pôr termo ao longo período, desde 1877, até 1947, exatamente setenta anos, em que o museu ou proto-museu funcionou pontualmente como organismo de recolha de peças, uma ou outra exposição, e, sem um corpo de documentação organizado.
Contudo, os ventos favoráveis a uma nova política de educação, enformada pela ideologia do Estado Novo, possibilitaram a Godofredo Ferreira, em 1934, a ação de recolha sistemática de documentação, facilitando a equação do problema da funcionalidade do museu, a memória institucional dos CTT e a cultura dos seus funcionários ao jeito do Estado Corporativo.
Em 1947, o perfil curricular de Mário Viana prometia fazer realmente do Museu dos CTT um dos melhores, cujo funcionamento poderá deduzir-se do espírito organizador e incansável, para quem o trabalho era considerado mais que um direito ou um dever, mas essencialmente uma missão.
“Quando Vª Exª, Senhor Correio-Mor, o Eng.º Luís de Albuquerque Couto dos Santos, se dignou convidar-me para falar nesta Tribuna onde tantos nomes distintos me precederam, não vacilei, um minuto sequer, na escolha do tema a versar. Ele impôs-se-me, desde logo, com a persistência de um imperativo categórico. A marca do meu raciocínio foi simples e rápida. Foi por proposta de Vª Exª que sua Exª o Ministro das Comunicações se dignou criar o Museu dos Correios, Telégrafos e Telefones, velha aspiração deste organismo, mas inspiração que, há longos anos, não passava de um sonho, vivido no coração de alguns funcionários […] que vivem para o desempenho do seu cargo com um carinho quase fanático” (2)
Note-se que a palestra, em que Mário Viana proferiu estas palavras, data de 1949, ou seja, dois anos após a nomeação para Conservador-Chefe, o que mostra a atenção e a vontade em realizar um verdadeiro projeto de museu, tal como poderá comprovar-se pelo conteúdo da palestra – “Um Museu dos CTT: Objectivos – Organização – Realização - Funcionamento” cuja edição foi traduzida para vários países. Vejamos o que nos diz em prefácio, um dos seus editores:
“O Professor Mário Gonçalves Viana desempenhou, durante alguns anos, as funções de conservador-chefe do Museu dos CTT, de Portugal. Durante esse período, e posteriormente, consagrou-se em profundidade, aos problemas museológicos, e elaborou diversos estudos sobre a matéria. Um desses trabalhos alcançou repercussão internacional. A sua monografia “Um Museu dos CTT Objectivos – Organização – Realização - Funcionamento” foi publicada em Berna, na Suíça, em condensação, nas seguintes línguas: francês, chinês, espanhol e russo” (Union Postale, 76 ème Année, nº 6, Berne, Juin 1951) (3).
Notas
(1) Ofício in processo individual do arquivo biográfico dos funcionários dos CTT.
(2) VIANA, Mário Gonçalves – Um Museu dos CTT: Objectivos – Organização – realização – Funcionamento. Lisboa: Ed. dos Serviços Culturais dos CTT, 1949, p. 7
(3) In Prefácio do Editor de Mário Viana na obra bibliográfica Arte de Organizar Colecções, Exposições e Museus. Porto: Ed. Domingos Barreira, 1972, p. 6
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