Palavras-Chave: Doutrina Social da Igreja, Economia Social, Papa Francisco, Religião.
O
título deste artigo deriva do latim religio
que significará voltar a ligar ou religar; reeleger e religião. Segundo a
“ciência” dos positivistas (1) parece não haver transcendência no que toca ao
género humano e ao cosmos (2);
enquanto na época pós-moderna os cientistas admitem que quanto
mais portas se abrem na investigação, outras mais se apresentam para abrir,
quer isto dizer que, foi perdida a arrogância “científica” dos finais do século
XIX e inícios do XXº.
Se
interpretarmos a vida como uma sequência de fases entre nascimento, evolução e
morte, teremos uma explicação simplista da existência e da evolução; porém, a
maioria dos seres humanos parece não se satisfazer com a hipótese da vida poder
ser apenas uma sequência de três estádios evolutivos. De uma forma geral,
quanto mais evoluímos mais questões colocamos. Não nos contentamos com
explicações redutoras e, por isso, continuamos à procura de significados; o
bem, o mal, a religião, o sacrifício em favor de causas nobres, o abandono de
pessoas e bens e a poluição que levam à entropia (3) e ao empobrecimento de
pessoas, solos e mares. À medida que o mal evolui as sociedades procuram o
equilíbrio no bem, condenando aquele, corrigindo comportamentos iníquos e
ilegítimos, recorrendo à religião e à Lei. Não é por acaso que às antigas
Escrituras correspondentes ao Antigo Testamento e à Tora se chama Lei; e o
Corão contém um conjunto de Normas e Leis.
Na
vida civil existem conjuntos de Leis, a começar pelas Constituições. Contudo
percebemos que a Constituição ou Carta Magna não é suficiente para a ordem
pública e a eliminação das desigualdades. Segundo a “Lei do pêndulo” (4) o
comportamento humano oscila entre uma situação de religiosidade ou teísmo e a
oposta de ateísmo. Numa situação intermédia há um período de abrandamento de
crenças. Por vezes chama-se a esse posicionamento uma atitude agnóstica.
A
teoria, também dita lei do pêndulo induz-nos a pensar que, a uma situação
de religiosidade, sucede o enfraquecimento, o descrédito até
voltar para o lado da incredulidade e ateísmo. Depois deste curso, um
outro se inicia, repetindo-se as mesmas fases. Acontece que, no mundo atual, o
ser humano ainda não conseguiu uma forma de vivência baseada na justiça social;
daí a procura de consolos na religião, uma forma de voltar a ligar o que
outrora se desligou pela ânsia do ter, desrespeito pelo semelhante e
violação da “Lei divina”. (5)
Não
será por acaso que após as crises mundiais dos mundos, capitalista e
socialista, há quem interprete que estamos atualmente no dealbar da “Terceira
Igreja” de que fala Frei Bento Domingos (6). A educação é a esfera social/cultural que mais tempo
leva a ser interiorizada, daí que não é de estranhar o tempo de crises
religiosas e económicas/financeiras, motivo que nos leva a crer que, pela mesma
teoria do pêndulo, este se encontra próximo da posição superior/negativa, não
podendo aí fixar-se; logo o pêndulo regressará a um reassumir dos valores
religiosos.
O advento da “III Igreja” e de um Papa que está a revelar-se próximo dos cidadãos (Leigos, na expressão tradicional da Igreja) irá provocar mudanças no seio do papado e das estruturas eclesiais, como também a nível social. Esperamos que também ocorram boas notícias na economia e na finança.
«Esta economia mata» (7). A expressão
podemo-la encontrar na “Alegria do Evangelho” (Evangeli Gaudium), 53 do Papa Francisco,
uma das expressões que mais tem sido divulgada, após a eleição do Papa e a
publicação da exortação apostólica: «Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos
que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos preocuparmos com os acontecimentos que
interessam aos cidadãos […]». (8).
Se
estivermos atentos às novas publicações biblioteconómicas e jornalísticas
encontramos uma grande procura pela divulgação do pensamento de Francisco I
que, para lá da sua própria mensagem, se baseia em precursores. Digamos que
Francisco veio expor a mensagem com frescura, coragem, resiliência, inovação, frontalidade
e doçura de carácter. Se interpretarmos o tempo ou a História como um tempo
estrutural de longa duração, verificamos que o “Advento da Terceira Igreja” não
é um fenómeno exclusivo deste novo Papa, embora ele tenha imprimido uma novidade
e aceleração do processo, incluído um retomar da Rerum Novarum (9). Este marco da DSI -
Doutrina Social da Igreja, levado à letra teria evitado crises e revoluções nos
países. Logo, a posição, a insistência e a inovação por parte do Papa Francisco
corresponde no fenómeno religioso a um reforço e readaptação da mensagem para
voltar a ligar o equilíbrio que se perdeu. Será o tempo de retoma do diálogo,
consciencialização e luta, esperemos que justa e pacífica. Poderemos,
porventura, provar que a entropia também é reversível.
--------------------------------------
(1) Sistema filosófico de que Augusto Comte foi o principal impulsionador, baseado em factos e experiências. Exclui a metafísica e o sobrenatural.
(2) «A partir da renascença scientifica do seculo XV, o espirito humano recebeu um alimento abundante e fortificante. A educação do espirito humano, começada anteriormente pelos gregos, tinha sido interrompida por um tempo de estacionamento, um longo sommno intelectual de quatorze seculos. Onde se origina esse tempo de estacionamento? Não procurarei aqui sabel-o, ainda que a causa d`ele seja evidente para quem conhece a historia real e não essa outra historia fabricada intencionalmente pelos theologos e philosophos». (cf. O Homem segundo a Sciencia / Luiz Büchner. Porto: Livraria Chardron de Lelo & Irmão, Ldª, 1912, p.2.- o texto original data de Darmstadt, maio, 1869).
(3) Sobre o conceito de entropia cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia, http://www.brasilescola.com/fisica/entropia-segunda-lei.htm, acedidos em 26.12.2013
(4) Cf. “Lei do Pêndulo” pelo Prof. Maurício da Silva in http://www.agsaw.com.br/2012cp20.html, , http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698, http://www.agsaw.com.br/apostiladocursomedio.pdf,acedido, acedidos em 25.12.2013)
(5) Cf. “Lei Divina e Leis Morais” in http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_morais, http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698, http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698, acedidos em 25.12.2013.
(6) Sobre a “Terceira Igreja” Por cf. Jornal “O Público” de 15.12.2013, disponível também em http://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-advento-da-terceira-igreja-1616280, acedido em 25.12.2013.
(7) Cf. Jornal Económico 26.11.2013, disponível também em http://economico.sapo.pt/noticias/esta-economia-mata_182478.html, acedido em 25.12.2013.
(8) Papa Francisco - A Alegria do Evangelho: Exortação Apostólica Evangeli Gaudium. Prior Velho: Paulinas Editora, 183.
(9) "Das Coisas Novas", encíclica do Papa Leão XIII, 1891), sobre as condições das classes trabalhadoras (cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rerum_Novarum, acedido em 25.12.2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário