sábado, 6 de outubro de 2012


A TERMINOLOGIA DA LUZ - O BRASÃO DE CARNIDE - FONTE ERMIDA E IGREJA


Imagem do brasão. Gentileza do sítio da Junta de Freguesia

O brasão de armas espelha a história de Carnide. A barretina representa o Colégio Militar, os dois pimenteiros representam terra de hortas e agricultura e o cântaro vermelho evocará a VIDA e a FONTE local sobre a qual foi erguida a ermida e a igreja. As três torres lembram a antiguidade deste termo de Lisboa, elevada a freguesia e paróquia.

A flor-de-lis está tradicionalmente associada à simbologia religiosa. Este símbolo representa a Trindade e O Espirito Santo que teve no próprio Largo da LUZ o local de culto na ERMIDA, antes da Reforma do Concílio de Trento e depois na IGREJA DA LUZ construída sobre a Ermida. A flor-de-lis também representa o anjo Gabriel como comunicador e anunciador a Maria de que iria dar à LUZ o Deus Filho.

 

Portal da Antiga Ermida, ainda existente, sob a Igreja da Luz

A terminologia da LUZ aparece no anúncio da Encarnação pelo anjo Gabriel a Maria, o que pode ser constatado na iconografia maneirista de Francisco Venegas e/ou Diogo Teixeira patente no retábulo do altar-mor da capela-mor da IGREJA da LUZ.

«Hás-de conceber no teu seio e dar à LUZ um filho, ao qual porás o nome de Jesus» (Lucas 1:31, segundo a aparição do anjo S. Gabriel à mãe de Cristo).

 
Contudo, a terminologia da LUZ evoluiu. Jesus é a verdadeira FONTE de LUZ. Ele resplandece através de Sua mãe e dos homens e mulheres de esperança:



«Eu sou a LUZ do mundo» disse Jesus. «Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a LUZ da vida» (Jo 8, 12). «Jesus [é a ] Palavra viva que ILUMINA e dá sentido à nossa humanidade […]. O mundo precisa de esperança e LUZ; de homens e mulheres que sejam LUZEIROS de esperança […]» (Revista Audácia, Novembro 2011, p.13-14).


 
Fonte milagrosa de Nª Srª da Luz, antiga fonte da Machada, remodelada. Foto obtida no último dia das festividades de Setembro 30.09-2012

Só em 1885 Carnide foi definitivamente considerada parte do espaço urbano da cidade de Lisboa, o que demonstra a função predominantemente rural como retiro de nobres e burgueses da capital e local de culto, primeiro do Espirito Santo que tinha lugar na Ermida de Carnide e depois deu lugar ao culto de Nª Srª da Luz na Igreja implantada sobre a Ermida, ao estilo renascença/maneirista, igreja esta que ficou amputada após o terramoto de 1755. Mesmo no que resta, a Igreja da Luz permanece um monumento valioso e atrativo na capela-mor e no espaço adjacente.
 
Celebra-se todos os anos a festa de Nª Srª da Luz no dia 9 de Setembro, porém, ao estilo tradicional a evocação das festividades estende-se por todo o mês de Setembro. Quem passar pelo Largo da Luz pode prestar culto na Igreja e no Largo pode fazer compras de artesanato ou deliciar-se nas barraquinhas de petiscos.

 
Santuário de Nº Srª da Luz, ou o que resta dele
A terminologia da LUZ encontra-se disseminada pelas freguesias de Carnide, Benfica e S. Domingos de Benfica onde se encontra o estádio da LUZ. Note-se que, o estádio de um dos maiores clubes do mundo (Sport Lisboa e Benfica) designa-se estádio da LUZ, denominação derivada do culto a Nª Sª da LUZ existente na proximidade, no Largo da LUZ, Carnide.
 
 
Brasão da Infanta D. Maria de Portugal na fachada sul da igreja, junto à milagrosa fonte
 
 
Imagem da infanta D. Maria de Portugal com cerca de 20 anos de idade. Fonte: Cortesia de montalvoeascienciasdonossotempo & Fundação Oriente/JDACT
Antigo Hospital da Luz
Cruz da Ordem de Cristo e imagem de Nª Senhora da Luz
Legenda do portal do antigo Hospital da Luz.
A parte inferior foi modificada e nela foi colocada uma nova legenda referente ao novo proprietário do edifício

23 comentários:

  1. O culto a Nª Sª da Luz no mundo ocidental terá sido aqui pioneiro. Foi expandido de Carnide, onde Nª Sª se terá manifestado, por diversas vezes, no século XV com clarões e uma imagem ao povo da localidade, junto à primitiva fonte da Machada, depois também denominada fonte de Nª Srª da Luz.

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  2. Mercê da expansão de Portugal no mundo, o culto foi levado para o Brasil, Madeira, Cabo Verde … A freguesia e igreja da Luz com todo o historial e espólio que encerram são, pois, representantes de um legado histórico-cultural com valor que vai do local ao universal, tendo o culto da LUZ começado em Israel e hoje expandido pelos quatro cantos do mundo.

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  3. Quem passar pelo Largo da Luz pode prestar culto na Igreja. No mesmo Largo, em Setembro, pode fazer compras de artesanato ou deliciar-se nas barraquinhas de petiscos, acompanhados de uma imperial ou uma taça de vinho.

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  4. Maria foi considerada a escolhida e a geradora que trouxe a LUZ para iluminar os povos, o próprio Cristo. A tradição indica que Nossa Senhora da Luz, da Purificação ou da Candelária são sinónimas e veneradas em muitas localidades do mundo, especialmente em Portugal, Brasil, Madeira, Cabo Verde, Angola e Tenerife (Ilhas Canárias) onde é a principal padroeira.

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  5. No caso de Jesus aconteceu que «[…] residia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele. / Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. / Impelido pelo Espírito, veio ao Templo e, quando os pais trouxeram o Menino Jesus a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a Seu respeito, tomou-O nos braços, bendisse a Deus e exclamou: / “Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Salvação, / que preparaste em favor de todos os povos: / LUZ para iluminar as nações (2) e glória de Israel, Teu povo”». (Lucas 2:25-32. Bíblia Sagrada. Lisboa: Difusora Bíblica - Missionários Capuchinhos,1984)

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  6. A cerimónia da purificação só posteriormente foi considerada especial, dada a presença de Simeão (Em Isralel os profetas eram considerados “conselheiros e instrutores da Lei de Deus”) que terá vindo ao local por intuição/inspiração/chamamento do Espírito Santo.

    Simeão, designado também na hagiografia católica como profeta e São Simeão, terá sido um dos primeiros Homens a reconhecer que estava perante o verdadeiro Messias naquele acto da purificação de Maria que, em princípio, tudo parecia uma cerimónia comum, como as realizadas a qualquer mãe, pós parto. Como habitual, a recém-parturiente fazia-se acompanhar pelo marido (S. José)e pelo filho, no caso Jesus Cristo, filho primogénito varão que também foi consagrado no templo judaico.

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  7. Segundo a tradição mosaica, as parturientes após o parto ficavam impuras. Daí a necessidade de se deslocarem ao Templo a fim de se purificarem. No caso dos filhos primogénitos varões, estes eram consagrados na mesma cerimónia da purificação:

    [[ 1 ]] «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» (BÍBLIA,1984: Lucas 2:23).

    No caso de Jesus aconteceu que «[…] residia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele. / Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. / Impelido pelo Espírito, veio ao Templo e, quando os pais trouxeram o Menino Jesus a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a Seu respeito, tomou-O nos braços, bendisse a Deus e exclamou: / “Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Salvação, / que preparaste em favor de todos os povos: / LUZ para iluminar as nações (2) e glória de Israel, Teu povo”». (Lucas 2:25-32. Bíblia Sagrada. Lisboa: Difusora Bíblica - Missionários Capuchinhos,1984)

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  8. Quanto à fonte, antes designada do Machado ou da Machada, anexa ao santuário da Luz de Carnide sabe-se que esta fonte é pré existente à construção da igreja e até mesmo da antiga ermida, porquanto surgem indicações a partir de 27 de Maio de 1311 em documentação de partilhas:

    «Esta he a particõ que acaeçeo a Orraca Machado sobela ffonte … (sic) j coirela … (sic) sobela ffonte». Esta fonte era considerada como tendo propriedades medicinais em doenças da pedra e da vista. (cfr. COSTA, António Carvalho da - Corografia Portuguesa, III, 2ª ed., 1869, p. 447 e ARAÚJO, António de Sousa - O Santuário da Luz - Glória de Carnide. Lisboa, 1977, p.9-10)

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  9. A MILAGROSA FONTE:

    Junto à fonte da igreja da LUZ existe uma placa cuja transcrição em linguagem actual é a seguinte:

    «No ano de mil quatrocentos e sessenta e três, reinando em Portugal D. Afonso V, os vizinhos de Carnide (começaram a ver?) as revelações que Pedro Martins natural deste lugar teve no cativeiro de onde saiu milagrosamente. Construíram uma capela a N. Senhora da Luz, edificada sobre esta fonte e neste lugar. Como determinado pela divina Providência para este santo efeito, se via dantes muitas vezes claro e resplandecente com visão e lumes do céu como depois se viu resplandecer com grandes e inumeráveis milagres na Terra».
    Cfr. também CARDOSO, George – Hagiologia lusitânica, II e ARAÚJO, António de Sousa: 8

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  10. O PORTAL DA MILAGROSA FONTE E A ANTIGA ERMIDA:

    “O portal da boca da mina [que parece corresponder ao portal da antiga ermida] […] é constituído por colunelos torcidos com fustes ornamentados de folhagens e frutas de dormideiras e comportando um arco em volta abatida, mas cuja linha descontínua prova […] que nela houve transformações ou adaptações. O portal era mais largo e houvera que estreitá-lo por qualquer motivo. Poder-se-á admitir, sem grande receio, que terá sido este o pórtico da primitiva ermida que em 1464 se inaugurou”.

    Cfr. ARAÚJO, Norberto de: 1955, p. 68 e fasc. 10 & ARAÚJO, A. Sousa, 1977: 15-16 e 34-35.

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  11. A INFANTA DONA MARIA DE PORTUGAL E O COMPLEXO RELIGIOSO E ASSISTENCIAL DA LUZ:

    A INFANTA D.MARIA DE PORTUGAL
    Nasceu a 8 de junho de 1521 e faleceu a 10 de outubro de 1577 no seu paço de Santos. Era filha do rei D. Manuel e de sua terceira mulher, D. Leonor d` Áustria, irmã de Carlos V – também conhecido como imperador do mundo. Esta infanta era a eterna amada platónica de Luís de Camões, senhora de uma vasta riqueza e de grande generosidade, tendo apoiado a construção de vários conventos, inclusivamente o complexo assistencial da Luz com igreja, convento e hospital.

    Ficou sepultada na igreja da Luz, em campa rasa, correspondendo, porventura, ao seu desejo.

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  12. MARCAS DA INFANTA:

    No complexo assistencial da Luz podemos encontrar várias marcas relativas à benemérita, entre estas marcas destaca-se o brasão esculpido da infanta, junto à fonte, e a seguinte legenda:

    "E SEGVINDO EM TUDO A ORDEM E RE / VALACAM QVE A VIRGEM PVRISSIMA / INSPIROU AO PERO MARTIZ LHE PO / SERÃO O NOME QVE TEM DA LUZ EM / CVIA MEMORIA E LOVVOR A INFANTE / DONA MARIA FILHA DEL REI DOM / MANOEL O PRIMEIRO DESTE NOME / REI DE PORTVGAL E DA CRISTANI / SSIMA RAINHA DONA LIANOR / INFANTE DE CASTELA MANDOV / REEDIFICAR E LEVANTAR O TENPLO / DE NOVO NESTA ORDENANCA E GRAM / DEZA NO ANO DE MIL CCCCLXXV".
    Transcrição em escrita atual: "Segundo a ordem e a revelação que a virgem puríssima inspirou ao Pedro Martins, puseram o nome de luz em cuja memória e louvor [a N. Senhora da Luz] a infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel I e da rainha D. Leonor, infanta de Castela, mandou reedificar e levantar, este templo nesta ordem de grandeza, no ano de 1575".

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  13. OS DOTES DA INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL:

    Os dotes da infanta não eram apenas da sua riqueza material. Consta que era dotada de uma grande inteligência, memória, cultura das letras e música que certamente aprendeu com a sua aia Luísa, de Toledo, que a iniciara nas letras humanas e língua latina. Com a irmã da aia, Ângela Sigeia aprendeu harpa e órgão, com o frei João Soares de Urró, que chegara a Bispo de Coimbra, foi iniciada na teoria e escrituras sagradas.

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  14. LEGADOS DA INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL:

    Além da igreja, convento e hospital da luz a infanta fundou e/ou apoiou vários conventos, tais como: Santa Helena do Calvário, Nossa Senhora dos Anjos, Capuchos Arrábidos (de Torres Vedras, onde a Infanta também possuiu um palácio) S. Bruno, Santo Cristo dos Milagres (Santarém), S. Bento de Avis ou de Nossa Senhora da Encarnação (Lisboa). Iniciou a Igreja de Santa Engrácia, apoiou o Convento da Graça, o Mosteiro de São Bento e disponibilizou muitos recursos para vestir e dar de comer a pobres. (vide http://www.arqnet.pt/dicionario/maria_inf7.html).

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  15. ALGUMAS DAS RAZÕES PORQUE A INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL TERÁ FALECIDO SOLTEIRA:

    Foi desejada para casamento pelos príncipes de França, Espanha, Hungria, Espanha e Alemanha. A historiografia refere como que a principal razão de nenhum dos casamentos se ter efetuado, terá sido o “impedimento” do seu irmão D. João III, a fim de evitar que a infanta saísse de Portugal com um importante dote que fazia falta à família real e a Portugal.

    Após a morte do seu irmão, D. João III a infanta D. Maria ainda foi a Espanha visitar a sua mãe e esta desejou que a infanta ficasse com ela e com muitas fortunas em Espanha, porém a infanta havia prometido regressar a Portugal e cumpriu a promessa.

    O adiamento ab eterno do casamento da infanta serviu os propósitos do seu irmão, D. João III, bem como do seu tio? O imperador Carlos V que ao saber da vontade de D. Leonor, mãe da infanta, em casar com o delfim de seu marido Francisco I de França (1497-1547), Carlos V convence D. Leonor de que a transferência que resultaria dos bens da infanta para França constituiria um perigo para a paz entre França e Espanha.

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  16. LUÍS DE CAMÕES E O SEU AMOR PLATÓNICO? PELA INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL:

    José Maria Rodrigues (Coimbra, 1910) dedicou um estudo ao amor platónico que Camões revelava pela infanta. Vai buscar a redondilha do “perdigão que perdeu a pena” como manifestação de melancolia e sofrimento atribuindo a Camões os sentimentos dolorosos ao considerar-se infeliz por não ver retribuído o mesmo amor:
    Perdigão, que o pensamento / Subio a um alto logar, / Perde a penna do voar, / Ganha a pena do tormento. / Não tem no ar, nem no vento, / Asas com que se sostenha./ Não ha mal que lhe não venha ! / Quis voar a uma alta torre, / Mas achou-se desasado ; / E vendo-se depennado. / De puro penado morre. / Se a queixumes se soccorre, / Lança no fogo mais lenha. / Não ha mal que lhe não venha ! “.

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  17. A INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL NÃO NUTRIA O MESMO SENTIMENTO PELO POETA DE OS LUZIADAS OU ERA A DESCRIMINAÇÃO SOCIAL DA ÉPOCA QUE NÃO PERMITIA?

    Outro autor que se dedicou ao tema dos amores platónicos de Camões pela infanta foi Carolina Michaëlis de Vasconcellos. (Berlim, 15.03.1851 – Porto, 22.10.1925). O soneto nº 279 citado por Carolina Michaëlis é na opinião desta filóloga um dos que melhor caracterizam o amor não correspondido do poeta pela infanta:
    Doce sonho, suave e soberano,
    Se por mais longo tempo me durára!
    Ah! quem de sonho tal nunca acordára,
    Pois havia de ver tal desengano!
    Ah! deleitoso bem! ah! doce engano!
    Se por mais largo espaço me enganára!
    Se então a vida misera acabára,
    De alegria e prazer morrera ufano.
    Ditoso, não estando em mi, pois tive.
    Dormindo, o que acordado ter quisera.
    Olhae com que me paga o meu destino!
    Emfim, fóra de mim ditoso estive.
    Em mentiras ter dita razão era,
    Pois sempre nas verdades fui mofino.
    (Camões. V. também soneto em http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/luis-de-camoes/doce-sonho-suave-e-soberano-1668.php, acedido em 03.05.2012)

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  18. O FADO OU OS ENGANOS E DESENGANOS DO POETA QUANTO AO AMOR QUE NUTRIA PELA INFANTA D. MARIA DE PORTUGAL:

    Outro soneto, este muito conhecido e divulgado nos estudos de José Maria Rodrigues, Coimbra, 1910 e no blogue http://montalvoeascinciasdonossotempo.blogspot.pt/, acedido em 28.08.2010, é segundo tudo parece indicar um dos que mais revela a desilusão de tanto ter errado, suspirado e lamentado por erros que incluem o amor não correspondido da infanta pelo Poeta:

    «Erros meus, má fortuna, amor ardente
    Em minha perdição se conjuraram;
    Os erros e a fortuna sobejaram,
    Que para mim bastava amor, somente.

    Tudo passei, mas tenho tão presente
    A grande dor das cousas que passaram,
    Que já as frequências suas me ensinaram
    A não querer já nunca ser contente.

    Errei todo o decurso de meus anos;
    Dei causa a que a fortuna castigasse
    As minhas mal fundadas esperanças.

    De amor não vi senão breves enganos.
    Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
    Este meu duro Génio de vinganças!»
    (Camões, soneto. V. também a análise deste soneto em:
    http://sonetoscamonianos.blogspot.pt/2009/03/erros-meus-ma-fortuna-amor-ardente.html)

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  19. "E TUDO O VENTO [NÃO] LEVOU" NEM ACABOU NA IGREJA DA LUZ.

    Não obstante os restos mortais da Infanta D. Maria de Portugal repousarem em campa rasa nesta igreja que foi devastada pelo terramoto de 1755, as várias marcas e património ainda existente continuam a ser uma referência para Lisboa e para o mundo, especialmente o lusófono, por onde se expandiu o culto de Nª Senhora da Luz.

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  20. PAÇO / "UNIVERSIDADE":

    Consta que a infanta D. Maria de Portugal criou no seu paço uma "verdadeira universidade" em que se sentavam as senhoras ilustres e onde se cultivavam as ciências e as artes do seu tempo", entre as quais: a leitura, música com instrumentos diversos, a representação teatral, a pintura e os lavores.

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  21. UMA OBRA ASSISTENCIAL PARA OS MAIS POBRES E PARA OS PEREGRINOS:

    O antigo Hospital da Luz foi mandado construir pela infanta D. Maria de Portugal com o dinheiro da sua Casa. Era gerido pela Ordem de Cristo como pode ver-se pela cruz desta instituição religiosa, existente no frontão do edifício. Este ex Hospital está integrado no Colégio Militar.

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  22. CARNIDE. UMA LOCALIDADE FREQUENTADA POR REIS:

    Foi localidade frequentada por reis. Consta que D. Afonso V, em 1442, fez doações de terras em Carnide e que o próprio rei aqui terá residido temporariamente, possivelmente em alturas de ameaças de pestes. Este monarca terá sido o primeiro a frequentar Carnide, por altura em que havia o culto do Espírito Santo no Largo que haveria de chamar-se da Luz. D. Afonso V fez parte da irmandade local.

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  23. MARCAS DO PAÇO DE CARNIDE:

    Há um restaurante na Rua do Norte, denominado “Restaurante Paço de Carnide”, ligado possivelmente a uma memória oral da localidade.

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